domingo, 9 de setembro de 2012


23º Domingo do Tempo Comum




A Palavra de Deus é geradora de sentido, criadora de relações, promotora de vida. Por isso, as leituras deste domingo proporcionam aos ouvintes consciência e fidelidade ao projeto de Deus: “Vida em abundância para todos”.
Por isso, a vinda de Jesus ao mundo é motivo de alegria e libertação de tudo o que opressão. Ele é a esperança dos que sofrem, de todos os que não têm voz nem vez.

1ª Leitura (Isaias 35,4-7)

Contextualizando a primeira leitura, Isaías faz o leitor tomar conhecimento que os israelitas foram exilados e se encontram na Babilônia. 
Imaginemos a situação em que se encontram: distantes de seus parentes, massacrados pelos soldados caldeus, das suas casas destruídas, de seus roçados destruídos, de suas casas devastadas, totalmente desanimados, tomados pelo desânimo.
Na visão do profeta Isaías, os israelitas são como que cegos, considerados escravos, surdos e mudos, isto é, perderam totalmente a liberdade.

Finalmente o profeta propõe uma mensagem-promessa de esperança, dizendo assim: “Coragem! Não temas! O vosso Deus vem para salvar!” Agora, sim, não é possível que os aflitos não se reanimem com esse anúncio extraordinário. E mais, não é qualquer profeta, trata-se de Isaías que, na sua mensagem ainda acrescenta: “Então se abrirão os olhos dos cegos e se desimpedirão os ouvidos dos surdos. Então o coxo saltará como um cervo e a língua do mudo dará gritos alegres” (vv. 5-6).

  Na conclusão da leitura (vv. 6-7), é percebível a manifestação de uma transformação também para a terra que irá acolher os israelitas quando do seu regresso da Babilônia para Israel, “o solo árido se transformará em nascentes de água...”.
Atenção, irmãos, todas essas promessas trazidas por esse texto indicam que a sua realização serão totalizadas com a vinda de Jesus.

Evangelho (Mc 7,31-37)

Marcos, ao narrar o trecho do evangelho deste domingo, trás a cura de um homem “surdo e mal podia falar”. Tal revelação nos faz entender que os tempos messiânicos prometidos pelo profeta Isaías na primeira leitura, chegou despontando por todos os lados, pelo feito realizado por Jesus. Que maravilha! Haja graça sobre graça! Não há margem para dúvida alguma; é só comprovar: “Imediatamente, os ouvidos do homem se abriram, sua língua soltou-se e ele começou a falar corretamente”.
Todos devem ter observados que na narração aparecem alguns por menores:
1. Quem é o surdo-mudo?
É o homem impossibilitado de relacionar-se com os outros: não pode ouvir o que lhe é dito. E o pior é que, no tempo de Jesus todas as doenças eram consideradas como um castigo de Deus. A surdez era considerada uma maldição, porque não permitia escutar a Palavra de Deus.
2. Os gestos de colocar os dedos nos ouvidos? É o mesmo que se faz na celebração do sacramento do batismo. Num determinado momento o ministro toca os ouvidos do batizando com o polegar e diz: “O Senhor Jesus que fez os surdos ouvirem e os mudos falarem te conceda a dádiva de escutar prontamente a sua Palavra e de professar a tua fé”. O cristão não é só aquele que pode escutar o evangelho, mas é também aquele que anuncia a mensagem que ele escuta.
3. Saliva na língua do mudo? É preciso compreender que naquele tempo a saliva era considerada uma espécie de concentrado no hálito, uma materialização da respiração. Portanto, não demais dizer que Jesus comunicou ao mundo a sua respiração, o seu Espírito.
4. “Efatá”? É uma palavra usada na língua hebraica, e quer dizer “abre-te”. É convite para abrir-se completamente a Cristo e à vida nova.
5. A última parte da narrativa (vv. 35-37). Descreve, em detalhes, o resultado da intervenção milagrosa de Jesus e se encerra como se fosse uma entonação de uma “orquestra bem afinada”: a multidão canta a própria alegria porque se cumpriu a profecia de Isaías: Deus fez os surdos ouvirem e os mudos falarem” (Is 35,5-6). Ele fez a experiência da força renovadora que o contato com Cristo comunica e vê renovar-se, para si e para os outros, aqueles mesmos gestos que lhe infundirem a salvação.

Segunda leitura (Tg 2,1-5)

“O rico comete uma injustiça e em seguida se põe a gritar; o pobre, ofendido, ainda deve pedir desculpas” (Sir 13,3). Esta é a constatação amarga de um sábio israelita e é também o que cada um de nós pode verificar na vida de todos os dias: os ricos e os poderosos desfrutam de privilégios.
Tiago responde a essa constatação com um questionamento: “Porventura não escolheu Deus os pobres deste mundo para que fossem ricos na fé e herdeiros do reino prometido por Deus aos que o amam?” (v. 5).
Cuidado! Porque, tanto dentro como fora da igreja, ou seja, não só enquanto lemos a bíblia, refletimos, rezamos e louvamos, mas depois dessas concepções e práticas espirituais e pastorais, deveriam os nossos irmãos pobres ter um lugar de destaque no coração de cada um de nós e na comunidade e serem eles merecedoras de um maior respeito, a ponto de podermos ver Jesus em cada um.
Vejamos bem: Devemos concluir que somos hipócritas? Não! Fracos e pecadores, sim! Na fé, na esperança e na caridade compradas, chegaremos lá! Amém! 

Pe. Francisco de Assis Inácio
      Pároco

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