quinta-feira, 29 de maio de 2014

"Não há fábricas de paz. Se faz a cada dia", afirma papa Francisco ao lembrar viagem à Terra Santa


“É um grande dom para a Igreja e dou graças a Deus. Ele tem me guiado até aquela Terra abençoada, que tem a presença histórica de Jesus e onde têm sucedido acontecimentos muito importantes para o Judaísmo, o Cristianismo e o Islã”, disse hoje, 28, o papa Francisco, durante audiência geral na Praça de São Pedro, no Vaticano.
Ao relembrar sua viagem à Terra Santa, Francisco falou que o propósito principal desta peregrinação foi comemorar o 50º aniversário do histórico encontro entre o papa Paulo VI e o patriarca Atenágoras. “Esta foi a primeira vez que um sucessor de Pedro visitou a Terra Santa: assim o papa Paulo VI inaugurou, durante o Concílio Vaticano II, as viagens feitas pelos papas para fora da Itália na época contemporânea. Este gesto profético do bispo de Roma e do patriarca de Constantinopla estabeleceu um marco promissor na unidade de todos os cristãos, que desde então têm feito progressos significativos. Assim, a minha reunião com Sua Santidade Bartolomeu, amado irmão em Cristo, foi o ponto alto da visita. Juntos rezamos diante do túmulo de Jesus, acompanhados do patriarca Ortodoxo Grego de Jerusalém, Theophilos III, e do patriarca Armênio Apostólico SB Nourhan, bem como de arcebispos e bispos de diferentes igrejas e comunidades, autoridades civis e muitos fiéis”, lembrou Francisco.
Segundo o papa, no lugar onde se proclamou a ressurreição, é possível ver “a amargura e o sofrimento das divisões que ainda existem entre os discípulos de Cristo”. Para Francisco, isto causa “muitos danos ao coração”. Porém, ressaltou o desejo de curar as feridas ainda abertas e continuar com perseverança no caminho até a plena comunhão.
“Uma vez mais, como fizeram os papas precedentes, peço perdão pelo que temos feito para favorecer esta divisão e peço ao Espírito Santo que nos ajude a curar as feridas que temos provocado aos nossos irmãos. Todos somos irmãos em Cristo e com o patriarca Bartolomeu somos amigos, irmãos, e temos compartilhado a vontade de caminhar juntos, fazer tudo o que podemos: rezar e trabalhar juntos pelo rebanho de Deus, buscar a paz. São muitas coisas que temos em comum e como irmãos temos que seguir adiante”, acrescentou.
O papa Francisco lembrou, ainda, que o segundo propósito de sua viagem foi o de “incentivar a região no caminho até a paz, dom de Deus e compromisso dos homens”. “Eu tenho feito sempre como peregrino, em nome de Deus e do homem, levando no coração uma grande compaixão pelos filhos desta Terra que desde há muito tempo convive com a guerra e tem o direito de conhecer finalmente dias de paz! Por isto, eu exorto os cristãos a deixarem-se ‘ungir’, com o coração aberto e dócil, pelo Espírito Santo, para serem mais humildes, fraternos e reconciliadores. O Espírito ajuda a colocar em prática na vida cotidiana estas atitudes, com pessoas de diferentes culturas e religiões, e assim, ser ‘artesãos da paz’. Não há fábricas de paz. Se faz a cada dia, artesanalmente, e com o coração aberto para receber o dom de Deus”, afirmou.
Francisco destacou também o compromisso das autoridades e do povo da Jordânia em acolher numerosos refugiados provenientes das zonas de guerra. De acordo com o papa, “um compromisso humanitário, que merece e necessita do apoio constante da Comunidade Internacional”.
Recordou que animou as autoridades competentes para que “continuem seus esforços para aliviar as tensões no Oriente Médio, sobretudo na Síria” e a continuar a busca de uma solução equitativa para o conflito palestino-israelense. “Convidei o presidente de Israel e o presidente da Palestina, homens de paz e construtores da paz, a vir ao Vaticano para rezar comigo pela paz”, informou.
“Com esta peregrinação, quis levar uma palavra de esperança, porém, ao mesmo tempo, eu também a recebo dos irmãos e irmãs que ‘esperam contra qualquer esperança’, por meio de tantos sofrimentos, como aqueles que têm fugido de seu próprio país por culpa dos conflitos, ou como muitos que em diferentes partes do mundo são discriminados por causa de sua fé em Cristo. Continuemos próximos deles. Rezemos por eles e pela paz na Terra Santa e em todo o Oriente Médio. Que a oração de toda a Igreja sustente também o caminho até a plena unidade entre os cristãos, para que o mundo creia no amor de Deus, que com Jesus Cristo veio habitar entre nós”, concluiu.
Fonte:CNBB

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